Este filme pretende retratar a tradição das Chegas de Bois que acontece na zona de Trás-os-Montes em Portugal, como forma de documentar e reflectir sobre um fenómeno com raízes em tempos imemorias que se repete, aínda, hoje em dia.
Através da realização deste documentário, propõe-se preservar a memória da Chegas de Bois, construindo uma perpectiva sobre este género de expressões ligadas à natureza e ruralidade, em contraponto com o estilo de vida moderno, muitas vezes desligado daquela realidade.
Pretende-se apresentar o filme, uma vez acabado, em festivais de cinema nacionais e internacionais, televisões e outras plataformas de divulgação, contribuindo para a promoção da região e do país, trazendo visibilidade a este acontecimento e a todos os parceiros envolvidos.
INFORMAÇÃO TÉCNICA
- Filme Documentário
- Duração Total prevista: 25 minutos
- Realizado e Escrito por Pedro Lino
- Produção: Zeppelin Filmes (Portugal)
- Sparkle Animation (Reino unido)
- Data prevista de rodagem: Agosto de 2011
- Finalização do filme: Dezembro 2011
INTRODUÇÃO
“Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.” Miguel Torga, “O Reino Maravilhoso”
Terras do Barroso, Nordeste Transmontano, Portugal, 2011; É Verão numa das mais esquecidas e agrestes regiões de Portugal:
Todos os anos, milhares de pessoas reúnem-se para assistir a uma tradição que remonta ao início dos tempos, as “Chegas de Bois”.
A data de origem é desconhecida, as Chegas existem, diz-se, desde sempre. É um acontecimento absolutamente único e autóctone, com séculos de existência, que continua vivo hoje em dia.
SINOPSE
Todos os Verões, nas Terras do Barroso, em Trás-os-Montes, no Nordeste recôndito de Portugal, milhares de pessoas reúnem-se para testemunhar e celebrar uma tradição secular: as “Chegas de Bois”.
Este filme pretende guiar-nos através de um fenómeno que mostra modos de vida que nos são estranhos (a nós, sociedade urbana contemporânea), mas que são intemporais, e onde a relação entre o homem e a natureza permanece intacta; Trás-os-Montes é historicamente uma das regiões mais isoladas e áridas do País. Devido ao seu afastamento, muitas tradições ancestrais sobreviveram até aos dias de hoje, como é o exemplo das “Chegas”.
Com a sua origem perdida no tempo, as “Chegas de Bois” decorrem maioritariamente no Agosto abrasador do interior de Portugal, quando os emigrantes regressam a casa, as aldeias estão cheias e as famílias reunidas.
Donos e localidades competem: quem possui o boi mais poderoso? Nestas lutas participam os animais de raça Barrosã, espécie autóctone da região, com uma genética única.
Se por um lado as condições adversas conservam tradições de outro modo perdidas, por outro levam a que muitos habitantes dali emigrem, tornando a região num dos locais mais ameaçados pela desertificação hoje em dia.
Perdidos na sociedade do século XXI,, cada vez mais afastados das nossas raízes, tendemos a esquecer que existem, ainda hoje, outros modos de viver e sentir.
Este documentário propõe-se a testemunhar um momento onde Homem e Natureza se reúnem, num acontecimento sem passado nem presente.
Com a paisagem imponente do Barroso como fundo, o filme encena uma realidade escondida e confronta o espectador com possibilidades inesperadas de viver e sentir.
Assim, neste documentário, através do registo de pequenos gestos e momentos, constrói-se uma narrativa que utiliza um acontecimento concreto - as “Chegas de Bois” - para despoletar uma reflexão mais profunda no espectador:
quem somos hoje em dia, para onde nos dirigimos, até que ponto estamos ligados às nossas origens?
a identidade define-se a partir do local?
estaremos totalmente desligados destes fenómenos que são, afinal, seculares?
DECLARAÇÃO DE INTENÇÕES DO REALIZADOR
Ironicamente, a primeira experiência das “Chegas de Bois” para os que vivem fora da região, é intermediada pela televisão. O telejornal das oito mostra reportagens em que imagens estranhas, inesperadas, surgem no ecrã: penedos e fragas, e depois, um planalto agreste, feito de terra castanha, sol tórrido a brilhar. Animais possantes, que se misturam com essa terra, rompem a sua calma aparente e investem os seus corpos, e estes estalam num som seco que se espalha pela planície transmontana. Milhares de pessoas rodeiam-nos, assistindo à sua luta.
A Região Transmontana é uma região com características muito particulares; nas palavras de um etnógrafo local: “neste século velho, no canto do canto da Europa , sozinho, numa luta contra o solo duro e clima inclemente, uma personalidade foi formada: o comportamento triste, o ar desconfiado, corajoso, ousado, trabalhador, leal e com a força de carácter como uma forma de vida “.
Sentados confortavelmente nos nossos sofás, como entendemos estas imagens que parecem tão distantes hoje em dia? E como as relacionamos com a nossa experiência quotidiana, numa sociedade “desenvolvida”? Estes acontecimentos farão ainda parte das nossas raízes? Num Mundo continuamente mediado por imagens inócuas e sem sentido, na era dos ecrãs digitais que nos rodeiam e que intermedeiam a nossa experiência com a realidade envolvente, parece premente tornar evidentes outras vivências, desligadas deste modo de vida.
O ponto de partida para a concepção deste filme consistiu na vontade de construir um objecto de reflexão sobre o modo de vida contemporâneo em contraposição com modos ancestrais de viver e sentir. A convicção de que o próprio objecto deve aproximar-se experiência real, física, leva a que a sua construção se faça a partir de uma experiência sensorial, tirando proveito das propriedades inerentes ao suporte (filme): a combinação de luz, texturas, movimento e som.
A esta ideia inicial seguiu-se o trabalho de campo: uma “répérage” desenvolvida durante o Verão de 2010, no concelho de Montalegre, em que foram investigados e recolhidos diversos documentos.
Realizaram-se filmagens, fotografias, (expostas neste documento), entrevistas e investigação apoiada pelo Eco-Museu do Barroso.
Este trabalho in-loco revelou-se muito importante, porque permitiu uma compreensão mais aprofundada dos diversos mecanismos envolvidos nas “Chegas de Bois”: entender, ao vivo, os actores que compõem esta tradição, todos momentos fulcrais que antecipam o acontecimento maior, e as diversas leituras que se fazem à volta deste costume.
Assim, a estrutura do filme foi nascendo a partir desta investigação e experiência prévias muito locais até se construir a abordagem final para o documentário “Terra”; Todo o filme será caracterizado por uma forte componente poética com a intenção de abrir o espaço à interpretação pessoal do espectador e assim, envolvê-lo no filme.
Mais do que um registo antropológico, esta obra pretende ser um objecto activo no sentido de “interagir” com a audiência, despoletando reacções e sentimentos próprios em relação à temática proposta, suprimindo a fronteira entre o filme e o público.
Se por um lado este documentário pode ser relacionado com uma certa tradição de “etnoficção” (que tem tido alguma relevância na história do Cinema Português, como serão os casos da obra dos cineastas António Campos, António Reis e Margarida Cordeiro, ou mais recentemente, Pedro Costa) por outro, esta obra tenta ultrapassar o género, no sentido de explorar os limites das convenções cinematográficas, alargando e misturando as fronteiras entre o cinema e outras artes. No final, o filme pode estender a sua existência da sala de cinema às galerias de arte e outros contextos culturais.
Concluindo, toda a construção deste projecto cinematográfico está impregnada de uma perspectiva pessoal, não existindo para ser (apenas) o registo de uma certa situação ou fenómeno, mas sim um objecto crítico, de reflexão, que através do seu estudo de caso, promove uma multiplicação dos seus significados e das suas interpretações.
Parte-se, assim, de uma situação particular e especifica que serve como metáfora para projectar uma reflexão e experiência universal: quem somos hoje em dia, como vivemos e como pretendemos viver integrados no Mundo que nos rodeia.
4 comentarios
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Pedro Lino
Autor/a
Ola, obrigado pelo email;
Neste momento estamos na fase final de montagem, e a tratar da sonoplastia;
A ideia sera finalizar o filme ate ao fim de Agosto!
De qq modo vou mantendo-vos a par das novidades, mal elas surgirem!
Obrigado pelo apoio
Pedro
SMALLbites
Boa noite...
O projeto está a correr bem?
Daniel H.
Hola
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